terça-feira, 22 de março de 2016

Encapsular conteúdos



Há alguns meses, eu estive numa mostra cultural de um colégio privado e fiquei totalmente surpresa com o nível de responsabilidade, motivação, interesse, expressão dos alunos de 1º ano de Ensino Médio. Os trabalhos todos foram de pesquisa sobre problemas atuais. Os grupos de alunos identificaram o problema e os conhecimentos envolvidos nele, procuraram soluções existentes e a partir delas (se existiam) idealizaram e justificaram soluções próprias ou adaptadas. Criaram protótipos em alguns casos para demonstrar a viabilidade da solução. Mostraram domínio dos conteúdos. Comportaram se como alunos de mestrado defendendo seus trabalhos. Impressionante o nível de entusiasmo e de colaboração dos grupos, e só eram alunos de 1º ano de Ensino Médio.

O que vai acontecer com eles? Precisam passar mais dois anos, estudar muitas matérias, ser avaliados muitas vezes, passar fins de semana estudando sobre tudo para aquelas matérias que não são de seu interesse, mas atrapalham no conceito de aprovado?. 

Então?

Acho que seria melhor, se eles continuarem a ter tempo para realizar trabalhos como os apresentados na mostra cultural. Já a essa altura da vida, um aluno sabe se gosta mais de umas matérias do que outras. Por que não encapsular alguns conhecimentos e expandir outros? Por que não trabalhar com caixas pretas e explorar o entusiasmo dos alunos por desenvolver suas próprias soluções, de contribuir com soluções para a sociedade que a gritos as está pedindo? 

Estas questões são as que me fazem pensar num novo modelo educativo. E a pesar do meu modelo idealizado e aqui exposto não estar desenhado completamente, nem resolver todos os itens afetados pela transformação que ele provoca, acho que servirá para você que está lendo pensar nisto e reflexionar sobre novos modelos, focados na rapidez da aprendizagem do aluno e no aproveitamento dos talentos. O que você pensa disso?



Se ainda não assistiu esta entrevista, realizada em 1988 a um dos mestres da ficção científica, o Isaac Asimov sobre o impacto da Internet na educação, pois recomendo não deixar para depois. Você vai ficar surpreso como Issac descreve com grande genialidade e clareza o fenômeno da internet e a aprendizagem.




Simplesmente brilhante.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Minha ideia sobre o novo modelo educativo


O modelo que estou imaginando deverá adotar uma abordagem top-down (de cima para baixo) no processo instrucional. Isto é, o conteúdo a ser ensinado/estudado numa disciplina deverá ser apresentado de forma geral para todos os alunos. De antemão esse conteúdo deverá ser fragmentado em partes detalhadas ou especificas, que serão estudadas só pelos alunos interessados nessa disciplina (interessados ou com talento ou motivados). 

Esta abordagem criará caminhos diferentes para cada aluno, viabilizando uma aprendizagem individualizada. Será necessário que o aluno tenha por perto, além dos professores das matérias, mentores ou orientadores pedagógicos que observem seu desempenho, descubram seu interesse e seu talento e orientem o caminho a seguir. 

A ideia é encapsular tudo o que representa informação detalhada, especifica. Encapsular esses conteúdos como se fossem axiomas, aceitando-os para entender outros. Assim chegar mais rápido à compreensão das informações globais sobre: fatos, recursos, ferramentas atuais, para utilizá-los na geração de novos conhecimentos e novas soluções a problemas importantes, aproveitando a criatividade dos jovens e o desenvolvimento de competências no exercício da prática. 

O modelo e os alunos
O modelo idealizado deverá permitir que os alunos tenham liberdade de escolher as matérias da sua preferência. Para as escolhidas, terá acompanhamento dos professores e especialistas, tal vez mais horas de aulas sobre essas matérias, e terá o acesso a todos os conteúdos encapsulados, na sequencia orientada pelos professores ou mentores.  As matérias não escolhidas terão numero reduzido de aulas, com acesso ao conteúdo geral e resumido, apontando do geral para o especifico, recomendando aos alunos referencias importantes onde encontrar o especifico caso se interessar futuramente. 

O modelo e os conteúdos 
O modelo deverá exigir que todas as matérias sejam preparadas em duas versões: aprofundada e resumida.
  • A versão resumida deverá apresentar o geral, e todo o conteúdo especifico será trabalhado como “caixas pretas”. Essas caixas ficarão disponíveis para consultas dos alunos interessados, elas serão os fragmentos  ou partes nas que foi dividido o conteúdo todo.
  • A versão aprofundada apresenta o geral, as caixas pretas abertas e mais detalhadas, com o acompanhamento dos professores e especialistas.
O modelo e as turmas de alunos 
Pela flexibilidade do currículo deste modelo considero não haverá uma turma definida, cada turma será configurada segundo as escolhas dos alunos. No momento inicial de uma disciplina o grupo de alunos vai ser dividido segundo suas próprias escolhas: estudar a versão resumida ou a versão aprofundada, ou a versão resumida mais algumas partes encapsuladas. 

O modelo e o professor

O professor poderá ter várias funções: orientador e especialista.
O professor orientador terá que se manter continuamente informado e atualizado sobre sua especialidade para atuar diretamente junto ao aluno:

  • avaliando suas escolhas,
  • recomendando e retificando caminhos pelas áreas do saber,
  • ensinando a distinguir as boas fontes de informação das que são lixo e não confiáveis,
  • desenvolvendo o espírito crítico do aluno e a motivação por aprender
  • ensinar a pensar, a duvidar de todo para ir na busca de argumentos e respostas,
  • ensinar a raciocinar
  • auxiliando e motivando ao aluno na aplicação prática dos conhecimentos

O professor especialista terá que se manter continuamente informado e atualizado sobre sua especialidade para atuar na correção dos caminhos (currículos dinâmicos) a serem oferecidos aos alunos.
 
Com certeza esta idealização:
  • Transformaria o modelo atual que padroniza o modo de contratar e remunerar profissionais e especialistas nas escolas.
  • Transformaria o modelo atual que consume 12 anos da vida de um aluno num modelo que demandará um numero variável de anos de estudo em função do aluno e seu desempenho.
  • Transformaria o modelo atual baseado no ensino-aprendizagem presencial num modelo de ensino-aprendizagem globalizado, em que as partes podem estar geograficamente dispersas.
  • Transformaria o modelo rígido atual num modelo flexível e individualizado.
  • Demandaria a revisão dos papeis dos envolvidos no processo educativo institucional

Esta ideia está ainda em fase embrionária, estou ciente que preciso pensar mais nela, pensar nos prós e os contras, mas achei que devia compartilharEla pode ser enriquecida e sustentada pela Internet das coisas, o computador e objetos inteligentes atuando como mentores online, baseados no controle do desempenho do aluno. 
  
Vocês tem pensado em algum novo modelo? Como imagina ele?